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"A Era da Informação oferece muito à humanidade, e eu gostaria de pensar que nós nos elevaremos aos desafios que ela apresenta. Mas é vital lembrar que a informação -- no sentido de dados brutos -- não é conhecimento, que conhecimento não é sabedoria, e que sabedoria não é presciência. Mas a informação é o primeiro passo essencial para tudo isso."
Arthur C. Clarke

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Bom de Ler! A paquistanesa que não se calou.

Mukhtar Mai, 28 anos, foi condenada por um crime que não cometeu, e pagou por isso ao ser estuprada coletivamente. Ao contrário da maioria das mulheres de seu país, que ao sofrerem essa violência cometem suicídio, ela resolveu falar. E assim deixou o mundo perplexo com seu ato de coragem e transformou o futuro de sua cidade

Violência

Em 22 de junho de 2002, Mukhtar Mai, pertencente à casta de camponeses Gujjar, no Paquistão, foi obrigada a pedir perdão por uma condenação feita pela tribo Mastoi, considerada superior a eles. O crime? O seu irmão Shakkur, de 12 anos, falou com Salma, uma mulher do clã Mastoi. Eles acusaram o garoto de ter mantido relações sexuais com ela, que tem 27 anos, apenas por ter trocado algumas palavras... Após ser espancado pelo grupo, a polícia o prendeu - sob determinação da tribo. Então, a sua irmã foi escolhida pela família para pedir perdão aos Mastoi, por ser considerada uma mulher respeitável: ensina o Corão para as crianças, recebeu o divórcio do marido e não tem filhos. Ao chegar lá, porém, todos os homens estavam armados e sem nenhuma intenção de misericórdia. Eles a arrastaram até um estábulo e lá ela foi estuprada por quatro homens durante uma noite inteira.

O renascimento

Mukhtar foi para o seu quarto aquele dia e ali permaneceu por semanas, pensando em suicídio. Só que as notícias que chegavam até ela eram mais revoltantes: seu irmão só foi solto após a sua família pagar fiança, e a tribo Mastoi ainda o ameaçava. Quando ela percebeu que o seu sofrimento tinha sido em vão, resolveu esquecer o suicídio, tão previsível. Chamada para depor na delegacia, ela foi induzida a deixar as suas impressões digitais em um papel em branco. Embora analfabeta, Mukhtar percebeu que ali seria colocado o depoimento que os policiais quisessem. E assim passou por vários depoimentos, sempre forçada pela polícia local a não dizer a verdade ao juiz. Mas ela conseguiu chegar até ele e falar tudo o que haviam feito, além de reconhecer os policiais que tentavam impedi-la de declarar a verdade. Após inúmeras audiências, o caso já havia repercutido em toda a imprensa, Mukhtar recebeu do governo uma indenização.

"Pois a verdadeira questão que o meu país deve

encarar, é muito simples: se a mulher é a honra

do homem, porque será que ele quer violar

ou matar esta honra?"

Mukhtar Mai
Desonrada (BestSeller) é o relato de Mukhtar dado à jornalista francesa Marie Thérèse Cuny, especializada em direitos humanos e direitos da mulher

Coragem sem limites

Desconfiada pelo valor do cheque recebido, Mukhtar o recusou, por achar que abafariam o caso. Em seguida ela recebeu não só o cheque, mas a possibilidade de construir uma escola para as meninas de sua aldeia, como sempre sonhou. Atualmente, a escola de Mukhtar Mai promove aulas gratuitas para cerca de 200 meninas e 150 meninos. Mesmo após ser reconhecida internacionalmente como símbolo da luta dos direitos das mulheres no Paquistão, Mukhtar ainda vivia com a iminência de um novo ataque dos Mastoi, que haviam sido libertados após o julgamento. Pronta para lutar pela justiça das mulheres, ela viajou ao encontro do primeiro-ministro do Paquistão para pedir sua intervenção, colocando os culpados na cadeia. Ela conseguiu! Hoje ela vive tranqüilamente em sua aldeia e é considerada pelo mundo todo um ícone na luta dos direitos das mulheres em um lugar em que são tão oprimidas.

Fonte: Susana Ferreira.

3 Diga uma coisinha!:

Iliane disse...

grande mulher.!!!.linda reportagem..é..a gente tem mania de se calar quando a violência nos ataca não é mesmo?temos sim que abrir a boca..embora as leis..não nos favoreça numca..bjus amiga e dia de luz para você..li

lovcats disse...

Que caso horrivel! :/
é mt triste saber q ainda existem paises q tratam a mulher como se fosse submissa ao homem!

Vera Costa disse...

Me indigna constatar que ainda estamos longe de sermos humanos, de nos tratarmos como irmãos. Seu blog é viciante, rsss