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"A Era da Informação oferece muito à humanidade, e eu gostaria de pensar que nós nos elevaremos aos desafios que ela apresenta. Mas é vital lembrar que a informação -- no sentido de dados brutos -- não é conhecimento, que conhecimento não é sabedoria, e que sabedoria não é presciência. Mas a informação é o primeiro passo essencial para tudo isso."
Arthur C. Clarke

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Memória e afeto no além-mar

Da janela de sua casa no largo da Achada, antigo ponto de encontro das lavadeiras, Maria Juliana de 80 anos espia a vida que vai passando

Nas ruas e becos de escadinhas estreitas e tortas para confundir os inimigos do bairro mouro da Alfama, ao pé do castelo de São Jorge, surgiu Lisboa. Com seus prédios seculares de paredes azulejadas, onde piscam os candeeiros, senhoras passam o dia a espiar a vida alheia em meio a um festival de estendais de roupas coloridas que perfumam a atmosfera com cheirinhos de desinfetante. É nessas ruas que os clubes de fado rasgam o silêncio da noite.


Lisboa é para andar pelas ruas. Ir a pé da Baixa ao Chiado, cruzar o arco da Augusta e se perder na noite do bairro Alto. Lisboa é para ver o sol se pôr à beira do Tejo, onde as naus ainda deslizam rumo ao mar salgado. Do Tejo se foi ao Brasil, às colônias africanas, às especiarias e ao mundo – que um dia foi lusitano. Sorte da aldeia por onde correm águas assim tão azuis: a Alis Ubbo (terra das maravilhas) dos fenícios; a Olissipa dos gregos e romanos; a boa terra da flor de lis, Lisboa, ocupada pelos mouros de 716 até 1.148, quando dom Afonso Henrique, finalmente, fez tremular a bandeira cristã dos cinco escudos.

As cruzes e o badalar dos sinos permanecem. No topo de suas sete colinas surgem igrejas, praças e mirantes para se observar cada faceta da “cidade branca”. A moderna e a histórica. A lusa e a multicultural. Pessoas e caminhos que se entrecruzam pelos trilhos do elétrico, como cá chamam os bondes. O amarelo das colinas segue a chacoalhar e a tocar sua sineta pelas ruas repletas de monumentos, museus, cafés e livrarias. A arte está por todo lado, do chão aos céus, em Lisboa a arte é fado, é fato, e todo mundo vira um pouco artista, andando pelas calçadas de pedras iluminadas. Para nós é inevitável: toca ao peito brasileiro perceber os desenhos de um canto distante que fala tanto da gente. Lisboa é nosso pedacinho de memória em além-mar.

Sem pressa para conhecê-la

Não alugue um carro em Lisboa. Ande a pé, de comboio, metrô, ônibus. Uma boa opção é o “passe verde”, que dá direito a várias atrações e transportes ilimitados. Outra dica é apanhar o elétrico 28, que vai do Jardim da Estrela à Graça e percorre parte do centro antigo pelo preço de um bilhete. Visite a Expo, onde mora a cidade moderna e perca-se pela Alfama. Lisboa é feita para se descobrir sem pressa. A TAP faz voos (a partir de SP e RJ) sem escalas.

Texto Edu Petta e fotos Carol da Riva